Julio Hey fala sobre contato com Satish Kumar durante as gravações do documentário que narra a vida e o legado do pacifista
A lembrança é viva: um grande salão, milhares de pessoas aguardando a chegada de um mestre. O sol ilumina a entrada, e enquanto ele surge, aquele mantra ecoa pelo espaço. Antes mesmo de saber o seu significado, senti que era a trilha sonora do sol atravessando o universo todo para se apresentar naquele momento ao meu coração.
Om Bhur Bhuva SwahaTat Savitur VareñyamBhargo Devasya DheemahiDhiyo Yonah Prachodayãt
Saí dali com uma inocente urgência, perguntando a todos os vendedores ambulantes qual era a música que tocava na entrada do mestre. Esse mestre, no caso, era Sai Baba, e sua presença teve, e continua tendo, um impacto profundo em mim, em tudo o que faço, e no que entendo da Vida.
Anos depois, aprendi a cantar aquele mesmo mantra (Gayatri), que se fez presente nos momentos mais importantes de minha vida.
Lembro dele em peregrinações, subindo montanhas, quando o avião decola, quando planto uma semente, quando olho para um bebê, quando entro no mar, quando meus avós fizeram a passagem, quando o sol nasce. Em momentos de medo, de desespero, de entrega e de profunda alegria.
Não foi diferente durante as filmagens do documentário Amor Radical. Estávamos na Inglaterra e Satish, sentado debaixo de uma árvore, argumentava sobre a necessidade de uma educação desemparedada, capaz de considerar a natureza como grande professora.
Resolve então conduzir uma meditação. Fecha os olhos e começa a entoar o Gayatri.
Eu embarco com ele.
O vento também.
As árvores também.
A Natureza se manifesta.
O equipamento de som desliga sem explicação.
Meditamos sobre a Suprema Consciência,a mais adorada, o Sol, o criador,cuja luz radiante ilumina todos os reinos, físico, mental e espiritual.Que essa luz divina ilumine nosso intelecto.Paz. Paz. Paz.
Assim que a última sílaba é pronunciada, o vento para. As árvores finalizam sua dança, e a Paz tomou conta do resto das filmagens.

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